TICs na Educação | por Rodrigo Lima
Este texto tem como princípio norteador esboçar uma pequena contribuição à respeito do uso de ferramentas digitais que podem auxiliar o professor de História (ou de qualquer outra disciplina) em sala de aula. A necessidade de mudança de métodos e práticas pedagógicas de ensino transforma-se à medida que transforma-se, também, o modo que nos relacionamos com o mundo. O aluno de hoje não é mais o aluno de 10 anos atrás. Uma sociedade cada vez mais conectada à redes e computadores que interagem mais rapidamente e sem limites espaciais ou linguísticos.
Os resultados do uso de ferramentas digitais que estão descritas nesta pequena contribuição são pautados na minha experiência ao longo de 3 anos de ensino escolar. São aplicativos conhecidos por todos mas, que de modo geral, são muito pouco usados para fins educacionais. Entre eles estão as ferramentas de busca do Google, o Google Classroom, Google Doc., Google Hangouts e o Skype da Microsoft. A metodologia que pode ser usada com essas ferramentas é pensada pelo cientista educacional Sugata Mitra, o professor indiano que desenvolveu o potencial da aprendizagem auto-organizada. As Self-organized Learning Environment 2 , que em português traduz-se um Ambiente de Aprendizagem Auto-organizado (SOLE - sigla em inglês).
O aprendizado dentro de um SOLE possibilita ao aluno aprender em colaboração e com uso da internet. Este modelo de auto-educação não limita-se à apenas uma disciplina, pode ser trabalhada por todos os educadores de qualquer disciplina. Mas neste texto limitarei às práticas exclusivas da disciplina História que desenvolvo em sala de aula com meus alunos.
O objetivo base deste texto é apresentar algumas soluções criativas de um sistema educacional que está cada vez mais presente no cotidiano das escolas modelo pelo mundo. O intuito é justamente ajudar professores e futuros professores quanto ao uso de ferramentas digitais que tornam o trabalho em sala de aula mais dinâmico e colaborativo possível. Transformar a maneira de ensinar é mais fácil do que parece. Porém, as Universidades, no geral, formam professores incapazes de pensar fora de um modelo tradicional de ensino.
Como já referido no início do texto, o norte metodológico que utilizamos para entender essa emergência do uso das tecnologias no ensino é desenvolvido e pensado à partir das experiências do cientista educacional Sugata Mitra. Aqui, cabe-nos pensar sobre o futuro da aprendizagem de uma sociedade em rede que obviamente implica na forma que ensinamos e aprendemos. “Será que crianças de 12 anos que falam tamil no Sul da Índia conseguem aprender biotecnologia em inglês sozinhas?” (MITRA, 2013). Essa provocação foi feita por Sugata em uma palestra ao TED Talk em 2013. Sua pesquisa é encontrada no portal www.theschoolinthecloud.org que funciona como uma plataforma que ajuda a acelerar a pesquisa sobre uma construção de um modelo educacional global.
Esse portal é gerenciado pela SOLE Central na Universidade de Newcastle dirigido por Sugata Mitra. Basicamente, não é preciso compreensão computacional e muito menos mergulhar-se em uma imensidão de artigos científicos. Como a SOLE é um projeto recente e desenvolvido à partir das experiências pessoais de Sugata Mitra não é fácil encontrar textos científicos para referência do mesmo.
No que diz respeito ao uso das ferramentas supracitadas como o Google Classroom, o que pode ser encontrado para referência teórica seria a própria descrição do aplicativo feita pelo site da Google. Então, de forma desprendida ao rigor científico acadêmico, este texto apresenta as possibilidades de uso de ferramentas digitais que são gratuitas e de acesso global. Na prática, é preciso de um computador com acesso a internet. Os alunos são desafiados com uma Big Question (Grande Questão), que em linhas gerais pode ser entendida como um caso norteador ou uma problemática. A grande questão não precisa ter uma resposta simples ou nem precisa ter uma resposta. Basta apenas servir como provocação.
Os alunos, organizados em grupos, com acesso ao computador, irão efetuar a pesquisa sozinhos e descobrir por conta própria as formas de se chegar ao resultado. O professor torna-se invisível o máximo do tempo. Apenas faz as correções e orientações ao longo do processo. Mas são os alunos que desbravam os recursos tecnológicos para encontrar a resposta de uma pergunta que tem o intuito básico: provocar o conhecimento. Dessa forma, os alunos aprendem em comunidade, em sintonia colaborativa e em um ambiente de auto-educação, sem a interferência de um professor que “explica” tudo e não inspira nada.
Chegamos à parte que nos interessa. Concluímos até aqui que esse método é muito pouco referenciado e pesquisado, por isso a grande dificuldade de trazer elementos teóricos convincentes. Mas espera-se que não haja limitações devido à essa barreira referencial. É importante compreender o potencial deste método e a inovação que ele carrega consigo na nova tendência educacional. Aprender na nuvem, em rede ou podemos chamar de ambiente de aprendizado auto-organizado, torna-se uma experiência incrível tanto para o aluno quanto para o professor.
Na experiência que refiro-me nesta postagem é abordada o uso de ferramentas digitais para melhorar o ensino de História. “Devemos educar nossas crianças não para o nosso passado, mas, sim, para o seu futuro” (GILLERAN, 2008). Com o sistema de busca do Google, o aluno possui uma gama de informações conectadas e em tempo real para solucionar seus problemas em sala de aula. O aluno pesquisa e aprende com a internet o que o professor jamais conseguirá ensinar com tão pouco tempo na escola. O Google Classroom, é a criação de salas de aulas virtuais onde o professor pode gerenciar seus alunos, tarefas, acompanhar o desempenho de cada um, possibilitar a construção de um ambiente de aprendizado colaborativo e mensurar os resultados da turma.
Os pais e toda a comunidade escolar pode acompanhar esses resultados à partir de relatórios criados automaticamente pela plataforma do Google, onde encontrarão as notas e os gráficos gerados pelo professor do desempenho individual e coletivo da turma. Outra ferramenta que está inclusa nesta possibilidade é a criação de documentos Google (Google Doc.) que possibilita que os alunos editar um texto conjuntamente e em tempo real. Dessa forma o professor pode verificar o que cada aluno escreveu e o quanto de esforço individual foi atribuído à uma pesquisa, por exemplo.
O Google Hangouts pode estender a experiência dos alunos em qualquer lugar e hora. Um encontro com seu professor por conferência para tirar dúvidas ou simplesmente ter uma aula dinâmica com todos os recursos que a internet pode provir. O professor pode fazer uma viagem com seus alunos a Roma Antiga, visitando o coliseu e estudar as sociedades antigas com visões 3D. E isso tudo ocorre com a narração do professor e no conforto de casa.
O programa que todos nós conhecemos, Skype, possibilita o encontro com uma pessoa de qualquer lugar do mundo. Este recurso pode ser utilizado para fins educacionais e funciona integrado à uma rede de ensino global. A Microsoft Education mantém um portal na web chamado “Skype na sala de aula”. Um “local” de encontro de educadores de todo o mundo com o intuito de partilhar experiências e aprendizados multiculturais em tempo real e ao vivo. O educador pode conectar sua turma à uma turma de outro país, aprender uma nova língua, cultura e costumes de sociedades que estão à milhares de quilômetros de distância.
Por fim,
Pode-se estar pensando que tais recursos tecnológicos custam uma fortuna e que é preciso entender de programação computacional como HTML ou outros. De maneira alguma. Todos esses recursos citados neste trabalho são oferecidos pelas suas empresas de forma gratuita e acessível à uma plataforma multi língua. O único limite para a educação na era digital é criatividade. É preciso sair do comodismo do ensino tradicional para se aprender e ensinar nesta nova perspectiva de educação global. O professor de História pode aprender e se adequar à essa necessidade de ensino que exigirá uma nova repaginada no que entendemos como educação.
Seria interessante assistir à esse vídeo:
Muito bom!
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